quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Juiz compara prisão da mulher de Cabral com "uma confortável viagem à Europa” Em despacho, Marcelo Bretas ironizou tempo que Adriana Ancelmo deverá passar na cadeia



advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, não deverá durar muito tempo, o juiz federal Marcelo Bretas foi irônico no despacho.
“Assim, a expectativa é de que a medida cautelar extrema dure pelo menor tempo possível, equiparável talvez a uma confortável viagem à Europa que Adriana Ancelmo viesse a fazer, sem seus filhos, na companhia de amigos e colaboradores”, afirmou.
Ele destacou ainda que as dificuldades para encontrar alguém responsável pela guarda dos filhos menores de Adriana, de 10 e 14 anos, será levada em conta no caso de uma eventual revogação da prisão.
O ex-governador, a mulher e mais 11 pessoas viraram réus na terça-feira (6) na Operção Calicute, que investiga pagamento de propina para Cabral em obras públicas, como a reforma do Maracanã, Arco Metropolitano e urbanização de favelas. 
Quando Cabral foi preso, em 17 de novembro, a Justiça determinou apenas a condução coercitiva (levada para prestar depoimento) de Adriana. Naquela ocasião, o pedido de prisão foi negado. Porém, nesta semana, o juiz reconsiderou.
“O aprofundamento das investigações revelou que Adriana Ancelmo, na verdade, ocuparia posição central na organização criminosa capitaneada por seu marido, Sérgio Cabral. Adriana Ancelmo seria uma das principais responsáveis por ocultar recursos recebidos indevidamente por seu marido, valendo-se para tal de seu escritório de advocacia, bem como que teria adquirido ilegalmente verdadeira fortuna em joias de altíssimo valor, dentre outros expedientes”, disse o magistrado.
O MPF (Ministério Público Federal) diz que a ex-primeira dama "estaria usando sua condição de advogada e a estrutura de seu escritório de advocacia para propiciar o recebimento de valores espúrios pela organização criminosa descrita pelos investigadores". As investigações apontam que boa parte da propina destinada a Cabral era paga por meio de contratos com o escritório de Adriana. 
O juiz destaca também que na gestão de Cabral o escritório Ancelmo Advogados passou a representar concessionárias de serviços públicos, como o Metrô Rio (contrato de R$ 1,9 milhão), a companhia de gás CEG (R$ 865,6 mil), a Oi/Telemar (R$ 10,5 milhões) e a Light (R$ 3,5 milhões).
O escritório da ex-primeira-dama, segundo o Ministério Público Federal, teve nos últimos cinco anos "crescimento vertiginoso, que atribui, possivelmente, à celebração de contratos com empresas envolvidas com operações suspeitas de lavagem de dinheiro".
"Os valores pagos ao escritório ANCELMO ADVOGADOS foram os indicados na decisão cujo trecho colacionei anteriormente, existindo sérios indícios de que não houve prestações de serviços em relação a alguns desses contratos ou de que valores foram pagos em excesso, e de que se trataram de expedientes fraudulentos para justificar o repasse de valores indevidos ao escritório de advocacia de Adriana Ancelmo", acrescentou Bretas. 
Em depoimento à Polícia Federal, Adriana Ancelmo se manteve em silêncio quando foi questionada a respeito de clientes e valores de contratos, devido ao sigilo profissional. Apenas afirmou que tem comprovação de todos os serviços prestados e valores recebidos pelo escritório. 
As investigações indicam ainda um grande volume de despesas pagas com dinheiro em espécie, inclusive para a compra de joias. O juiz entendeu que "é coerente a conclusão do MPF de que não era sem motivos que Adriana Ancelmo efetuava os pagamentos de faturas de até R$300 mil do cartão de crédito, contas e salários de empregados da família normalmente em dinheiro vivo, como afirmou Michelle Tomaz Pinto [gerente-financeira do escritório]".
No depoimento que prestou, Adriana disse que não tem costume de quitar contas em dinheiro e negou que tivesse adquirido joias por meio de terceiros. 


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