A qualidade do ambiente educacional que o Governo do Pará oferece a crianças e jovens é a pior do Brasil. É o que mostra o Índice de Oportunidades da Educação Brasileira (IOEB), que permite comparar índices e rankings da educação de todo o País, agrupando resultados dos indicadores de cada município, incluindo a permanência dos alunos nas escolas. Com escolas sucateadas, sem paredes, com instalações elétricas improvisadas e constantemente invadidas por bandidos, não é de se estranhar que a Educação Pública paraense apresente desempenho tão lamentável.
De acordo com o estudo, o Pará é o último colocado, com índice geral de 3,5, ficando atrás de Estados menores e mais pobres, como Maranhão, Piauí e Amapá (veja tabela). No outro extremo, estão São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina, os que obtiveram maior média, com índices de 5,1, 5,0 e 5,0, respectivamente. A avaliação foi feita em 2015.
O IOEB foi criado por Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) - um dos mais respeitados na área -, e Fabiana de Felicio, ex-diretora do INEP. O principal diferencial do instituto é o aperfeiçoamento do sistema de controle social da educação. O resultado é um ranking que elege os lugares com mais e menos oportunidades em educação básica no País e os que levam o assunto mais a sério. E é justamente nesse ranking que o Pará aparece como último colocado.
VERGONHA
Na 27ª posição entre as unidades da federação, o Pará não conseguiu incluir sequer um município entre os 500 que mais se destacaram no índice que avalia as oportunidades educacionais de crianças e jovens de 0 a 17 anos, considerando todas as redes municipais de ensino (público e privado). É um cenário de vergonha nacional, que se repete quando analisamos a situação de Belém.
Entre as capitais, Belém também ficou em último lugar, com média de 3,5 pontos. Entre as demais cidades que compõem a Região Metropolitana de Belém, a situação também é lastimável: estão todas entre as piores do Brasil. Ananindeua, Benevides e Castanhal, por exemplo, ficaram com nota 3,6. Para efeito de comparação, a cidade mais bem colocada foi Sobral, no interior do Ceará, que recebeu nota 6,9, ou seja, quase o dobro da pontuação de Belém.
OS NÚMEROS NÃO MENTEM
Comparando os resultados do ensino no Pará com São Paulo - primeiro colocado no ranking - e com o Piauí - Estado menor e bem mais pobre do que o Pará –, fica difícil entender como um Estado tão rico em minerais, com abundância de água e recursos naturais como o nosso pode estar tão abaixo quando o tema é Educação.
Proporção de docentes com pelo menos o Ensino Superior completo: São Paulo9,5. Piauí7,4. Pará6,7.
Média de hora/aula diária das escolas públicas e privadas do Ensino Fundamental e/ou Médio. São Paulo3,1horas/aula . Piauí1,2. Pará1,0
Proporção de diretores com pelo menos 3 anos de experiência na escola. São Paulo5,0. Piauí3,4. Pará3,1
Taxa de atendimento na educação infantil (0 a 6 anos). São Paulo5,1. Piauí4,0. Pará3,2
Como o estudo é feito
Lançado no ano passado, o IOEB inclui as crianças e adolescentes em idade escolar que deveriam estar na escola e não estão - responsabilizando, de forma inédita, municípios e Estados por todas as crianças e adolescentes que vivem naquela localidade e não estão na escola. A menor unidade de análise do IOEB é o município. Isso quer dizer que ele calcula, de forma conjunta, como está o comportamento de todas as redes de educação existentes numa cidade: estadual, municipal e privada.
Uma cidade com muitos alunos fora da escola pode obter resultados em provas que vão além da real situação da educação.
Em outras palavras: uma nota boa não significa necessariamente que o poder público esteja cumprindo com o seu dever de oferecer educação para todos os cidadãos em idade escolar. Por isso, o IOEB é também uma ferramenta para incentivar e cobrar que os gestores da educação trabalhem em conjunto pela melhoria da qualidade da educação dos municípios e Estados.
(Luiza Mello/Diário do Pará)
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