domingo, 23 de outubro de 2016

Delator entrega esquema que beneficiava Jader e Renan


Segundo a "Época", eles receberam mais de R$ 5 milhões entre 2004 e 2006

Por: O LiberalEm 23 DE OUTUBRO, 2016 - 09H52 - BRASIL
A revista ‘Época’ que está nas bancas desde ontem revela o esquema de pagamento de propinas ao PMDB por construtoras que tinham negócios com a Transpetro, a subsidiária de transportes e logística da Petrobras.


De acordo com a revista, os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Renan Calheiros (PMDB-AL) eram os principais beneficiados. A propina era entregue por Felipe Parente, chamado de “homem da mala” do PMDB, a Iara Jonas, assessora de Jader Barbalho no Senado. Um relato minucioso foi feito por Parente ao grupo de trabalho da Lava Jato, ao qual a revista ‘Época’ teve acesso.
A delação de Felipe Parente revela seguidos encontros entre ele e Iara Jonas no restaurante Chez Pierre, no anexo do Hotel Ipanema Plaza, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde o lobista entregava dinheiro vivo para ser repartido entre os senadores do PMDB.
Por trás dos pagamentos estava Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que ficou conhecido pelos grampos que fez de peemedebistas como os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros e o ex-presidente José Sarney.
Indicado ao cargo pelo PMDB, Sérgio Machado retribuia repassando propina aos senadores do partido, por meio de Felipe Parente. Nos depoimentos, o empresário fornece o roteiro, como protagonista, das captações de propina junto a empreiteiras do petrolão, em endereços precisos, as circunstâncias e locais dos cerca de 15 encontros que teve com Iara, identificada por ele como a interlocutora exclusiva das propinas endereçadas a Renan e ao senador Jader Barbalho. 
O depoimento de Parente é peça-chave na estrutura narrativa que a PGR monta para caracterizar o envolvimento de Renan e de Jader com o petrolão. Com a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, percebeu-se a força da metodologia da PGR. Na fundamentação de sua decisão, o juiz Sergio Moro elencou uma dúzia de casos e resultados de investigações que foram conduzidas pela equipe que despacha com o procurador Rodrigo Janot.
Os relatos de Parente trazem informações que corroboram e dão materialidade às afirmações de Sérgio Machado sobre o loteamento da Transpetro entre os senadores do PMDB, em troca do abastecimento de suas contas por meio de propina paga por prestadores de serviço da empresa estatal.
Mais do que isso, os trechos obtidos por ‘Época’ preenchem as lacunas deixadas pelo ex-presidente da estatal e seus três filhos, Daniel, Expedito e Sérgio, nos acordos de colaboração premiada firmados com a PGR. Os repasses relatados pelo delator até este momento têm como origem as empreiteiras Queiroz Galvão e UTC e a empresa de afretamento de navios Teekay Norway.
Ao todo, segundo os trechos verificados por ‘Época’, as três empresas repassaram R$ 5,5 milhões ao presidente do Senado e ao senador Jader Barbalho entre 2004 e 2006 – R$ 11 milhões em valores atualizados. Parente, que até 2004 era uma espécie de “faz-tudo” da empresa de materiais didáticos de Daniel Machado, filho de Sérgio, passou a manusear cifras milionárias e a interagir com altos executivos das maiores empreiteiras do país. Recebia 5% do valor que transportava entre empresas e intermediários de políticos. 
No caso da Queiroz Galvão, que, segundo Parente, desembolsou R$ 3,5 milhões em espécie para abastecer os cofres de Renan Calheiros e Jader Barbalho, as tratativas se davam diretamente com o então presidente da empresa, Ildefonso Colares, hoje em prisão domiciliar depois de ser diagnosticado com câncer.
Para ser recebido na presidência da companhia, uma senha lhe era pedida: a palavra “lua”. “Que os repasses da Queiroz iniciaram em 2004 e perduraram até 2006; que Sérgio Machado chamou o depoente até a sede da Transpetro e pediu que o depoente fosse até a sede da Queiroz para receber valores que seriam destinados aos senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho; Que o depoente foi até a sede da Queiroz, foi recebido pelo Sr. Ildefonso, que lhe orientou a ir até a Rua da Quitanda, nºs 50 a 80, numa determinada sala e dissesse a senha Lua”, relata o delator.



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